5 de jan. de 2009

Há um tipo de choro bom e há outro ruim. O ruim é aquele em que as lágrimas correm sem parar e, no entanto, não dão alívio. Só esgotam e exaurem. Uma amiga perguntou-me, então, se não seria esse choro como o de uma criança com a angústia da fome. Era. Quando se está perto desse tipo de choro, é melhor procurar conter-se: não vai adiantar. É melhor tentar fazer-se de forte, e enfrentar. É difícil, mas ainda menos do que ir-se tornando exangue a ponto de empalidecer.

Mas nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respeitar a nossa fraqueza. Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza legítima à qual temos direito. Elas correm devagar e quando passam pelos lábios sente-se aquele gosto salgado, límpido, produto de nossa dor mais profunda.

Homem chorar comove. Ele, o lutador, reconheceu sua luta às vezes inútil. Respeito muito o homem que chora. Eu já vi homem chorar

Clarice Lispector


Cantinho da neurose: Não, não andei chorando, mas..depois que li esse texto, quando penso em chorar, penso duas vezes, mas nem sempre é possível pensar antes.


2 comentários:

Ivan Daniel disse...

Tenho escondido muito choro há algum tempo. Acho que me deixei embrutecer... novamente.

Karen Pimenta disse...

chorar e rir são extremos que fazem tão bem...
amo-te...
karen

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