O dia
O após
O outro
Quando impera o alívio
do esperado acordo (de beijos)
Se instala enfim, o riso
Que sempre resgata
da beira de um abismo
Camila Karina
Pessoas, coisas, fatos, ares, sons, absolutamente tudo inalamos sem ter idéia de toda a carga diária de opiniões que pousa em nossos corpos. Mas o que eu gostaria de enfatizar é o fato de absorvermos energias positivas e negativas. Isso consequentemente influencia o cotidiano e todos que nos cercam, todos que compartilham da pequena ilha que somos.
Sempre abro precedentes para que discordem ferrenhamente da minha vã filosofia cotidiana atrapalhada. Claro que para alguns, seus narizes são impermeáveis, nasceram com um tipo de filtro especial que impedem qualquer tipo de absorção. Ingenuos difíceis, posso dizer.
Não é fácil. Isso eu sei, com conhecimento de causa. O mesmo serve para as relações humanas, na qual todos os dias, por vários meios, estamos inalando fumaça, com nosso pequeno filtro, com uma tosse ali, outra reclamação acolá, no caminho diário de um fumante passivo.
Existem vários tipo de fumantes passivos, aqueles que reclamam o tempo inteiro mas continuam lá sem mover um dedo, os que saem de perto, os que reclamam e tomam atitude e os que pegam o cigarro do outro agressivamente e enterram no chão, ou aqueles que iniciam uma conversa amigável, o diálogo...ah o diálogo. Mas o porém é que também existem vários tipos de fumantes, cabe a você agir da melhor maneira. Eis que são emissor e receptor, você não escolhe. Você e eu, somos os dois.
Sinceramente, odeio cigarro, mas convivo com os fumantes passivamente até que minha alergia me obrigue o contrário.
Deixo ao cego e ao surdo
A alma com fronteiras,
Que eu quero sentir tudo
De todas as maneiras.
Do alto de ter consciência
Contemplo a terra e o céu,
Olho-os com inocência...
Nada que vejo é meu.
Mas vejo tão atento
Tão neles me disperso
Que cada pensamento
Me torna já diverso.
E como são estilhaços
Do ser, as coisas dispersas
Quebro a alma em pedaços
E em pessoas diversas.
E se a própria alma vejo
Com outro olhar,
Pergunto se há ensejo
De por isto a julgar.
Ah, tanto como a terra
E o mar e o vasto céu.
Quem se crê próprio erra,
Sou vário e não sou meu.
Se as coisas são estilhaços
Do saber do universo,
Seja eu os meus pedaços,
Impreciso e diverso.
Se quanto sinto é alheio
E de mim se sente,
Como é que a alma veio
A acabar-se em ente?
Assim eu me acomodo
Com o que Deus criou,
Deixo teu diverso modo
Diversos modos sou.
Assim a Deus imito,
Que quando fez o que é
Tirou-lhe o infinito
E a unidade até.
Fernando Pessoa
Ainda está vivo ou
virou peça de arquivo
sua vida é papel
a fingir de jornal?Dele faz-se bom uso
seu texto é confuso?
Numa velha gaveta
o esquecem, a caneta?Após tantos escapes
arredonda-se em lápis?
Essa indelével tinta
é para que não minta
mas do que o necessário
é uma sigla no armário?Recobre-se de letras
ou são apenas tretas?
Entrará em catálogo
a custa de monólogo?Terá número, barra
e borra de carimbo?
Afinal, ele é gente
ou registro pungente?Carlos Drummond de Andrade
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