Têm para mim Chamados de outro mundo
         as Noites perigosas e queimadas,
         quando a Lua aparece mais vermelha
         São turvos sonhos, Mágoas proibidas,
         são Ouropéis antigos e fantasmas
         que, nesse Mundo vivo e mais ardente
         consumam tudo o que desejo Aqui.
         Será que mais Alguém vê e escuta?
         Sinto o roçar das asas Amarelas
         e escuto essas Canções encantatórias
         que tento, em vão, de mim desapossar.
         Diluídos na velha Luz da lua,
         a Quem dirigem seus terríveis cantos?
         Pressinto um murmuroso esvoejar:
         passaram-me por cima da cabeça
         e, como um Halo escuso, te envolveram.
         Eis-te no fogo, como um Fruto ardente,
         a ventania me agitando em torno
         esse cheiro que sai de teus cabelos.
         Que vale a natureza sem teus Olhos,
         ó Aquela por quem meu Sangue pulsa?
         Da terra sai um cheiro bom de vida
         e nossos pés a Ela estão ligados.
         Deixa que teu cabelo, solto ao vento,
         abrase fundamente as minhas mão...
         Mas, não: a luz Escura inda te envolve,
         o vento encrespa as Águas dos dois rios
         e continua a ronda, o Som do fogo.
         Ó meu amor, por que te ligo à Morte?                                                                                   
Ariano Suassuna
6 de abr. de 2010
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