14 de out. de 2009

Já entendo certas gravuras
mas não sei quem embaralha,
que anverso tem a medalha
cujo verso é minha figura.

Na outra face da lua
dormem os números do mapa;
brinco de encontrar nessas cartas
a que cegamente me inclua.

De tanta alegre insensatez
nasce a areia da passagem
para o relógio do que amei,

mas não sei se a mão é dada
pelo anjo ou pelo acaso,
se estou jogando ou sou as cartas.

Júlio Cortázar

1 comentários:

Evandro L. A. Rocha disse...

Olá. Venho acompanhando seu blog há tempos, e degustando as postagens aleatóriamente. Uma palavra para ele: sublime. Cada vez mais tomo por influência. Esta postagem em particular é de uma sofisticada ironia, brincando com as palavras e seus signos, coisa que aprecio muito.
Obrigado por existir!
P.S.: Tua beleza é notável.

Pensaram por aqui

 

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