A protagonista é vivida por Kate Winslet, já premiada por este papel no Globo de Ouro. Poucas vezes o cinema conseguiu demonstrar tão sinteticamente os impasses culturais de um período da história americana como este Foi Apenas Um Sonho. Focaliza um casal que se une logo após o fim da Segunda Guerra e cujo casamento coincide com a consolidação do sistema econômico que só agora vemos entrar em crise nos Estados Unidos.
A monótona vidinha de classe média – definida pelo lúcido lunático interpretado por Michael Shannon, como “the hopeless emptyness” (o vazio desesperador) – incomoda o vaidoso personagem de Leonardo DiCaprio, mas é a esposa quem concebe a idéia de se mudar para a Europa e “passar a viver de fato”.
No entanto, os obstáculos a essa meta se mostram tão intransponíveis quanto insidiosos, ou seja, se encontram em tudo, em todas as coisas e pessoas. Exatamente como era a expressão dos desígnios divinos, na tragédia clássica. Insistindo na comparação, o filme também tem um coro (os vizinhos e amigos), um mago portador da verdade (o já citado maluco de Michael Shannon), sem falar na sangrenta catarse do final.
Os personagens simbolizam os pais da geração que se encontra atualmente transtornada pela crise econômica: dessa gente que atravessou a adolescência nos anos 60, experimentou a rebeldia e depois se integrou ao sistema, chegando agora à aposentadoria. Na pele da heroína, a encantadora rebelde que todos queríamos ter sido, Kate Winslet verbaliza a consciência do filme na frase: “ninguém se esquece da verdade, apenas se aprende a mentir melhor”.
Esse filme realmente mecheu com meus pensamentos/sentimentos.
Fonte: desconhecida.
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