sumiê de fios, de folhas, sem tinta e sem pincel, onde o espaço faz papel de papel, o fio faz o efeito da escrita, os livros, fios em branco, são lidos pelo avesso, de lado, de vulto, de soslaio, os fios das folhas em ritmo, ora gráfico, ora elétrico, escrevem rimas ricas, linhas em todas as direções devolvem, resolvem nosso emaranhado enquanto flutua a dura madeira, nua carne, árvore madura suspensa, susto que pensa, pressente, arrepio de pêlos que nascem, atravessam, passam, morrem no pálido da pele onde ainda persiste um nada que se move na força dos fios e revela sua leveza e eleva o peso do espaço com todas as palavras não ditas
Alice Ruiz
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