2 de fev. de 2009


A esperança, como um fósforo inda aceso,

Deixei no chão, e entardeceu no chão ileso.

A falha social do meu destino

Reconheci, como um mendigo preso.

Cada dia me traz com que 'sperar

O que dia nenhum poderá dar.

Cada dia me cansa de Esperança...

Mas viver é sperar e se cansar.

O prometido nunca será dado

Porque no prometer cumpriu-se o fado.

O que se espera, se a esperança e gosto,

Gastou-se no esperá-lo, e está acabado.

Quanta ache vingança contra o fado

Nem deu o verso que a dissesse, e o dado

Rolou da mesa abaixo, oculta a conta.

Nem o buscou o jogador cansado.

(Fernando Pessoa)

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