23 de mar. de 2010


Vim pelo caminho dificil,
a linha que nunca termina,

a linha "bate na pedra,
a palavra quebra uma esquina,

minima linha vazia,
a linha, uma vida inteira,

palavra, palavra minha.

Quando o misterio chegar,
ja vai me encontrar dormindo,

metade dando pro sabado,
outra metade, domingo.

Nao haja som nem silencio,
quando o misterio aumentar.

Silencio e coisa sem senso,
nao cesso de observar.

Misterio, algo que, penso,
mais tempo, menos lugar.

Quando o misterio voltar,
meu sono esteja tao solto,

nem haja susto no mundo
que possa me sustentar.

Meia-noite, livro aberto.
Mariposas e mosquitos

pousam no texto incerto.
Seria o branco da folha,

luz que parece objeto?
Quern sabe o cheiro do preto,

que cai ali como um resto?
Ou seria que os insetos

descobriram parentesco
com as letras do alfabeto?


Paulo Leminski

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